Unidade 1


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Introdução

Caro(a) estudante!

Parabenizo sua escolha de renovação, pois a busca pelo conhecimento é a primícia para o sucesso. Inovação é sempre bem-vindo, principalmente quando não nos conformamos com a situação e pretendemos mudá-la; porém, é preciso mudar primeiro em você, e como consequência o ambiente ao seu redor se tornará melhor.

Nesta unidade, apresentaremos um pouco sobre a história da arte e sua influência na educação. Desmistificaremos o fato de que a arte é encontrada apenas em lugares eruditos e da concepção de que apenas o belo é arte. Você verá que a arte pode contribuir para a educação, facilitando o desenvolvimento do indivíduo em relação a pensar além para agregar mais conhecimento por meio da arte.

Bons estudos!

Entre a Arte e as Obras de Arte

A palavra arte em alguns contextos pode ser confundida com a palavra cultura. Para entender a importância das diferenças entre esses dois termos, é necessário apresentar o conceito de cada um deles. Canclini (1997) apresenta a cultura como um código social que envolve todas as esferas pertencentes a uma sociedade. Dessa forma, entende-se que as esferas sociais são: política, de diversão, família, religião, vestimenta, culinária, educação e arte. Nesse contexto, arte é a parte da cultura de um povo que irá ajudar a moldar a identidade de uma nação. Simplificando, arte é “[...] o conhecimento de regras que permitem realizar uma obra perfeitamente adequada a sua finalidade” (GASPAR, 2004, p. 160).

Perla, Gusmão e Bozzano (2013) salientam que a arte possui maneiras diferentes de manifestações e conceitos, sendo definida conforme a cultura, os costumes, os valores e a história de cada civilização. A arte possui características próprias e é classificada pelas manifestações artísticas, as quais possuem uma linguagem artística com elementos identificadores. Existem três grupos de linguagens: “[...] artes visuais, música e artes cênicas; mas algumas manifestações podem misturar mais de uma linguagem artística, gerando muitas outras. O cinema e o vídeo, por exemplo, são chamados de audiovisuais” (PERLA; GUSMÃO; BOZZANO, 2013, p. 18).

No cotidiano, às vezes não notamos que estamos entre obras artísticas, as quais podem passar despercebidas em praças, ruas ou muros. A arte, pode-se dizer, está em quase toda parte. Mas, então, tudo é arte? O fato de classificar tudo como arte faria com que alguns fatores relevantes ao longo da história fossem desmerecidos.

De acordo com Coli (1995), sabemos que quadros famosos como Mona Lisa, O Grito e Guernica são obras de arte. Porém, pode causar estranheza o fato de encontrarmos uma privada masculina apresentada como obra de arte em um museu. Tal fato não parece nada atrativo ou digno de apreciação intelectual. Coli (1995) traz a ideia porque está exposto no Eskenazi Museum of Art (Museu de Arte Eskenazi), em Bloomington, nos Estados Unidos, um urinol, apresentado como escultura de arte.

Figura 1.1 - Fonte, de Marcel Duchamp
Fonte: Micha L. Rieser / Wikimedia Commons.

Por isso, Coli (1995) explica como são classificadas algumas obras de arte:

Para decidir o que é ou não arte, nossa cultura possui instrumentos específicos. Um deles, essencial, é o discurso sobre o objeto artístico, ao qual reconhecemos competência e autoridade. Esse discurso é o que proferem o crítico, o historiador da arte, o perito, o conservador de museu (COLI,1995. p. 10).

Observe a imagem a seguir:

Figura 1.2 - Guernica, de Pablo Picasso
Fonte: Moleskine / Wikimedia Commons.

As imagens apresentadas são representações artísticas, elaboradas em diferentes contextos, para manifestações do sentimento humano, o que resulta em uma obra de arte. Esses sentimentos geram certas semelhanças entre alguns artistas, semelhanças essas classificadas por críticos, conforme abordou Colli (1995), como movimentos artísticos.

Movimentos artísticos são expressões de uma filosofia ou objetos de determinada época que se perpetuam no tempo, com a indignação, o alerta, a alegria ou a tristeza. A obra de arte nos leva a pensar além do tempo. Por essa razão, alguns quadros nos parecem estranhos; porém, quando estudados sob o ponto de vista de seu momento histórico, seu contexto faz sentido e condiz até mesmo com alguns dos sentimentos da realidade atual.

Assim, representando cada época de manifestação artística, existem os movimentos: Renascimento, Barroco, Romantismo, Primitivismo, Cubismo, Modernismo e suas variações. Para Agra (2006), os movimentos artísticos marcantes do século XX foram: Expressionismo, Surrealismo, Fauvismo, Dadaísmo, Op Art, Pop Art e Impressionismo.

Você já deve ter observado que os nomes da maioria dos movimentos artísticos terminam com ISMO, certo? Mas por que isso acontece? O sufixo ismo significa doutrina, conjunto de ideias (FERREIRA, 2009). As classificações artísticas foram “unificadas” por suas semelhanças de ideias; algumas, até doutrinárias.

Retomando as imagens anteriores, sabe-se que foram manifestações de movimentos pré e pós-Primeira Guerra Mundial. A pintura a óleo Guernica, de Pablo Picasso, faz parte do movimento artístico do Cubismo, sendo uma representação da guerra de Guernica ocorrida antes da Primeira Guerra Mundial. Já Fonte, de Marcel Duchamp, representa o Dadaísmo, que surgiu durante a Primeira Guerra Mundial. O urinol era uma maneira de demonstrar revolta. “Um aspecto forte do gesto determinado de submeter o urinol era 'deseuropeizar' a arte americana - fazer com que os americanos apreciassem suas próprias realizações artísticas” (DANTO, 2008, p. 12).

A semelhança entre as duas obras (Guernica e Fonte) é apenas o sentimento de revolta e até mesmo de fuga ao tradicional. Por isso torna-se tão difícil avaliar o que é uma obra ou não. Alguns críticos contemporâneos são enfáticos em sua relação com a arte, afirmando o fato de se “[...] chegar a uma constatação deprimente: a autoridade institucional do discurso competente é forte, mas inconstante e contraditória, e não nos permite segurança no interior do universo das artes” (COLI, 1995, p. 22). Isso se deve ao fato que o crítico pode dizer que tal objeto é uma arte, mas outro pode atestar que não é. Dessa maneira, torna-se contraditório para alguns encontrar beleza ou sinônimo para o que pensamos ser arte.

Indiscutível beleza que, com certeza, não gera discussão de ser ou não obra de arte é a escultura Pietà, do artista italiano Michelangelo.

Figura 1.3 - Pietà, de Michelangelo
Fonte: Jebulon / Wikimedia Commons.

Graças à divulgação que ocorre pela internet, as representações artísticas tornam-se consagradas para o conhecimento público. Por exemplo, a escultura Pietà, de Michelangelo, que fica na Basílica de São Pedro, é uma das obras mais famosas e representantes de artistas renascentistas. Michelangelo a fez quando tinha 24 anos de idade. Para que a obra não levantasse dúvidas em relação a sua autoria, tornou-se a única peça que leva a assinatura do artista (PROENÇA, 2008). Segundo Scliar (2008), a imagem de Pietà traduz a dor de uma mãe ao segurar o filho morto nos braços. Na interpretação do autor, a dor parece ainda maior por sua representação em mármore, transmitindo à escultura uma aparência mais fria. Existem detalhes inigualáveis em sua representação, como o rosto juvenil da mãe e os traços de dor do filho.

De acordo com Soares e Teixeira (2017), o renascentismo era relevante à formação do homem de maneira integral. O homem era visto de forma cívica e como uma experiência divina; e o corpo humano e a ciência eram valorizados como experiência. Talvez por isso, quando olhamos uma obra clássica, acreditamos que todas as artes deveriam ser daquela maneira. O Renascimento foi um movimento que ocorreu entre os séculos XIII e XVII. Ao viajarmos pela história, buscamos a compreensão de como a arte “vive” em uma obra de arte.

Vamos dar um salto e voltar o olhar para o Brasil. É interessante resgatar um dos mais importantes movimentos modernos: a Semana de Arte Moderna, de 1922. Em síntese, o movimento moderno nas artes decorre da busca por romper com os parâmetros artísticos que existiam nas academias de belas artes. Para entender esses parâmetros, é preciso retornar ao contexto histórico da época; mais precisamente, a vinda da família real portuguesa para o Brasil.

Em 1808, D. João desembarcava no Brasil e uma das medidas tomadas foi a construção de diversas benfeitorias, para adequar a colônia à corte portuguesa. Dentre essas benfeitorias estava a construção do Jardim Botânico no Rio de Janeiro, de bibliotecas, de teatros e da Academia Imperial de Belas Artes. O fenômeno da época foi a contratação de uma comitiva de artistas franceses para serem os primeiros professores da academia.

A vinda dos artistas europeus ficou conhecida como Missão Artística Francesa, que tinha como objetivo adequar os parâmetros artísticos brasileiros ao parâmetro europeu. Diante desse fato, foi instaurado o ensino do Neoclássico na Academia de Belas Artes. Tal movimento artístico priorizava o Realismo e as técnicas desenvolvidas pelos artistas renascentistas italianos, como a perspectiva, o volume, a luz e a sombra. Para os artistas renascentistas, esse padrão era o único estilo aceito até 1922, quando os artistas buscaram renovar o campo das artes. Depois de todo o período pré-Semana de Arte Moderna, um nome que recebeu destaque na época foi o de Oswald de Andrade, escritor que juntamente com sua esposa, a pintora Tarsila do Amaral, caracterizou-se por divulgar o conceito de Antropofagia para as artes.  

Algumas tribos indígenas praticavam a antropofagia, ato de comer a carne humana dos guerreiros das tribos inimigas a fim de se apropriar das forças de seus integrantes. Oswald de Andrade, então, inspirou-se nesse conceito para pensar como produzir uma nova estética no Brasil. A solução seria conhecer o que se produzia na Europa de mais moderno, trazer tais exemplos para o país e misturá-los com a cultura brasileira (composta por indígenas, africanos e europeus), a fim de se criar algo novo. Nesse período, tivemos as principais obras desenvolvidas do movimento modernista, como as obras Abaporu (Aba = homem; Poru = aquele que come carne humana), que deu origem ao movimento de Antrofagia; e A negra, ambas de Tarsila do Amaral.

O artista está sempre em busca de algo novo, com objetivo de criar algo nunca visto. Começou-se, então, a buscar e a analisar o tipo de arte que era produzida em outras regiões do país. Assim, Mário de Andrade, irmão de Oswald de Andrade, fez várias viagens à Amazônia e ao Nordeste, a fim de ter contato com as pessoas dessas regiões. Nessas viagens, o escritor percebeu que em todas as partes do país eram produzidos tipos de artes diferentes daquela arte produzida no Rio de Janeiro e em São Paulo. Muitos desses artesãos de outras partes do país nunca haviam estudado ou visto a arte europeia, tendo aprendido suas técnicas por autodidatismo. As obras desses artistas ficaram conhecidas como Arte Naïf (Arte Ingênua), e tal movimento ocorreu também em países europeus.

Sabe-se que “[...] houve um diálogo constante entre a arte modernista e a arte popular no Brasil” (LIMA, 2011, p. 10). Por essa razão, algumas artes surgem em nosso meio sem que a percebamos. A figura a seguir ilustra o Museu Internacional de Arte Naïf.

Figura 1.4 - Museu Internacional de Arte Naïf
Fonte: Sailko / Wikimedia Commons.

O Museu Internacional de Arte Naïf (MIAN) foi inaugurado em 1995 e fica localizado no bairro Cosme Velho, na zona sul do Rio de Janeiro. Ele ficou fechado de 2016 até o final de 2018. Agora, com a reabertura, é possível visitar o acervo de 6000 obras de 120 países.  

Após a semana de Arte Moderna de 1922, teve início a segunda fase do modernismo brasileiro. Nesse período destacaram-se os nomes de Cândido Portinari, Alfredo Volpi, Ismael Nery e Oscar Niemeyer.

Para a criação da identidade brasileira que os modernos desejavam, na segunda fase, os artistas buscaram focar em questões sociais e culturais dos brasileiros. Pode-se citar como principal obra dessa fase o quadro Operários, de Tarsila do Amaral, que leva à reflexão sobre a identidade dos trabalhadores representados na imagem e as condições de trabalho às quais eles eram submetidos.

Entretanto, para Cadilho (2015), um dos maiores nomes desse período foi o de Portinari, reconhecido por representar o negro, a identidade do imigrante nas plantações de café e os retirantes do Nordeste que tentavam chegar em São Paulo em busca de trabalho. Inspirado pelo movimento expressionista, Portinari não teve dificuldade para representar com realismo seus personagens; ao contrário, por influência do expressionismo, o artista, muitas vezes, distorcia a imagem para causar mais emoções no espectador.

As características de preguiça, indolência atribuídas aos mestiços, são substituídas pela ideologia do trabalho. E é também pela temática do trabalho que o pintor Candido Portinari é incorporado ao Estado Novo e considerado por alguns críticos o seu pintor oficial. Materializando uma tendência centralizadora desde o governo provisório de 1930, o Estado Novo implantou efetivamente um modelo político autoritário (CADILHO, 2015, p. 29).

A arte é de grande contribuição para a quebra de preconceito e torna-se uma aliada na voz daqueles considerados a minoria. Na representação artística, Candido Portinari atribuiu voz aos negros.

De início, comentou-se que a arte está por toda a parte, por isso é necessário abordar um pouco sobre arquitetura moderna, a fim de que você tenha noção de obra de arte em seu cotidiano. Em resumo, também pode-se relacionar a arquitetura moderna com o movimento Antropofágico.

O primeiro edifício moderno brasileiro foi o prédio designado para alocar o Ministério da Saúde de São Paulo. Para auxiliar no desenvolvimento do projeto, o arquiteto suíço Le Corbusier foi convidado. Ele reestruturou e apresentou o projeto nos moldes da arquitetura moderna europeia, em que a forma deveria seguir a função, ou seja, a forma deveria ser simples, sem exageros na decoração e nos ornamentos, priorizando desenhos geométricos, sem grandes divisões do ambiente interno em cômodos, mas sim com espaços amplos (PUPPI, 2008).

Faziam parte da equipe que desenvolveu o projeto do edifício ministerial dois importantes nomes da arquitetura brasileira: Lúcio Costa, que tempos depois desenvolveu todo o projeto arquitetônico da cidade de Brasília; e Oscar Niemeyer, que utilizou dos ensinamentos de Le Corbusier e foi além, criando a estética brasileira moderna na arquitetura. Niemeyer buscou apresentar curvas em suas fachadas ao invés de ângulos retos e formas geométricas, representando assim que a forma não é menos importante que a função, mas que ambas possuem o mesmo peso quando se pensa em arquitetura (PROENÇA, 2008).

O modelo de arquitetura de Oscar Niemeyer foi possível graças ao desenvolvimento da técnica de concreto armado, que deixa as vigas de concreto mais resistentes e possibilita a construção de curvas nos edifícios. Um dos ícones desse tipo de construção é a Igreja da Pampulha, de Belo Horizonte.

Figura 1.5 - Igreja da Pampulha (Belo Horizonte) - arquitetura feita por Oscar Niemeyer
Fonte: Prandrade / Wikimedia Commons.

Outro grande nome da arquitetura moderna brasileira foi Bruno Giorgi, que quebrou os paradigmas para encontrar o realismo na escultura. Giorgi sabia como fazer uma escultura realista. Seus primeiros trabalhos apresentaram a estética realista, mas logo o escultor simplificou as formas humanas. Temos como exemplo o monumento Os Guerreiros, localizado no Planalto Federal de Brasília, Distrito Federal.

Figura 1.6 - Os Guerreiros, de Bruno Giorgi
Fonte: leonelponce / Wikimedia Commons.

Posteriormente, Giorgi criou a geometrização total das formas em suas esculturas. Nessa fase sua a obra-prima foi Meteoro, presente no lago dos Ministérios das Relações Exteriores, em Brasília.

Figura 1.7 - Meteoro, de Bruno Giorgi
Fonte: Xenia Antunes / Wikimedia Commons.

A partir de agora, você irá perceber com outros olhos as obras de arte existentes em sua cidade, pois sabe que arte não está apenas no museu ou nos livros, mas também pode estar em seu dia a dia.

Arte e a Educação

A prática do ensino de arte deve ser levada ao âmbito da reflexão, desde o ensino fundamental ao ensino superior. Entende-se que ao mesmo tempo em que são oferecidos subsídios de apoio ao professor, ressaltando a importância das estratégias como facilitadoras no processo ensino-aprendizagem, busca-se, de modo informativo, contribuir para as melhores práticas dessa fase. Assim, o objetivo do ensino da arte será o de elevar o nível para um trabalho de qualidade, em que se priorize a interatividade, oportunizando, assim, melhor êxito no aprendizado do estudante.

O ensino de arte pode, no meio educacional, em razão de sua proposta, trazer um olhar crítico para mudanças positivas e significativas para a formação de estudantes mais seguros, confiantes e competentes. De acordo com Knowles, Holton e Swanson (2011), a mudança é um fator importante na aprendizagem.

O processo de aprendizagem vem da aquisição de conhecimentos. Cada pessoa que aprende algo não será mais a mesma, e isso implica em alterações na maneira de ser e agir do indivíduo. Dessa forma, se não houver mudança individual ou no grupo, é sinal evidente de que não houve aprendizagem.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) trouxe contribuições importantes para a garantia do ensino de arte em todas as fases da educação básica. Confira no infográfico a seguir os principais pontos dessa lei.

Lei de diretrizes e bases (LDB)

Destaques da Lei:
* O ensino de arte é obrigatório no currículo escolar desde a educação básica.
* Necessidade de manter as expressões regionais, respeitando a diversidade de cada região.

Ensino infantil:

*Teatro, artes visuais,  música e dança são incluídas como linguagem de arte.

Ensino fundamental:

* Teatro, artes visuais,  música e dança são incluídas como linguagem de arte.
*A partir dos 9 anos, a criança deve ser capaz de compreender o espaço social, ambiental e as manifestações artísticas representantes de valores da sociedade.

Ensino médio:

* O ensino de arte deve ser ofertado considerando o contexto histórico, socioeconômico e cultural de cada região (Lei 9394/1996).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) garantem a obrigatoriedade do ensino de arte nas escolas, com direcionamento pedagógico.

O exercício da cidadania exige o acesso de todos à totalidade dos recursos culturais relevantes para a intervenção e a participação responsável na vida social. O domínio da língua falada e escrita, os princípios da reflexão matemática, as coordenadas espaciais e temporais que organizam a percepção do mundo, os princípios da explicação científica, as condições de fruição da arte e das mensagens estéticas, domínios de saber tradicionalmente presentes nas diferentes concepções do papel da educação no mundo democrático, até outras tantas exigências que se impõem no mundo contemporâneo (BRASIL, 1997, p. 27).

Entende-se que o ensino de arte ajuda a promover no indivíduo a ação de tornar-se parte de uma sociedade pensante. É de direito de cada estudante, da criança ao adulto, a formação para a cidadania. O texto dos PCNs está além da escrita do papel, pois visualiza que a pessoa que recebe o ensino de arte possuirá habilidade de ser um cidadão político, isto é, capacitado, inclusive, para participar de discussões mais profundas acerca de uma nação. Muitas vezes, não nos damos conta de que se a escola conseguir levar adiante as propostas disponibilizadas nas leis, cada indivíduo mudará a realidade de sua casa, de sua cidade e, consequentemente, de seu país.

Segundo Barbosa (2018), os PCNs colocaram a disciplina de arte em adequação de importância com as demais; porém, mesmo a LDB colocando como obrigatório o ensino da disciplina de arte nas escolas, algumas secretarias de educação ainda deslocam o conteúdo para literatura ou língua estrangeira. Infelizmente, perde-se o potencial de desenvolver a parte de linguagem visual, enfatizando a linguagem verbal. A isso, Barbosa (2018, s./p.) acrescenta que somente “[...] a ação inteligente e empática do professor pode tornar a arte ingrediente essencial para favorecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão como fruidor de cultura e conhecedor da construção de sua própria nação”.

Assim sendo, é importante salientar ao professor que ensinar não é simplesmente passar o conteúdo e dar o trabalho por encerrado; assim como deve ser reforçado para o estudante que aprender não é simplesmente frequentar as aulas. De acordo com Ramos e Faria (2011), ensinar e aprender colocam professores e alunos em situação de limites. Até que ponto pode chegar um professor e como pode ele agir para que o conhecimento seja incutido na mente do aluno sem causar danos? Como o professor pode entregar conhecimento sem excluir os conteúdos necessários? Nesse sentido, o professor deve pautar seu trabalho na ética, no respeito aos saberes dos alunos, na individualidade de cada um e no gerenciamento do conhecimento como facilitador do ensino.

Em questões de ensino-aprendizagem, sabe-se que cada indivíduo tem seu jeito próprio, tanto para ensinar como para aprender, devendo estar consciente quanto ao seu papel. Ao aluno recaem a responsabilidade e o comprometimento com os estudos, de forma que se alcance o objetivo previsto, sabendo que o descaso acarretará em insucesso, não apenas em sua formação, mas na vida pessoal e, futuramente, como profissional.

Já a função do professor não é outra senão a de desempenhar bem o seu papel, refletindo sobre sua ação docente, interagindo, incentivando e estimulando o aprendiz a fim de que este seja motivado a aprender e consiga, assim, atingir o objetivo final: a construção do próprio conhecimento. A sugestão de Mura e Santin (2014) é a de que o professor deve constantemente refletir sobre sua prática, num processo que envolva construção e reconstrução constantes de conhecimentos. Tal reflexão deve partir de questionamentos sobre a forma ou o meio pelo qual os alunos aprenderão melhor.

Dando continuidade ao assunto de nossa reflexão sobre o ensino de arte, existe a necessidade de os governos manterem a integração dos professores de arte, com incentivos de desenvolvimento da disciplina. “Sem a experiência do prazer da arte, por parte de professores e alunos, nenhuma teoria Arte-educação será reconstrutora” (BARBOSA, 2003, s./p.).

Mas estaria o professor preparado para ensinar além das formas clássicas de beleza? Estaria o estudante disposto a aprender além das informações repassadas? O indivíduo pode ser treinado para manter o olhar além do que vê. De acordo com Martins (2011), na contemporaneidade, não conseguimos duvidar de que o belo é a representação clássica daquilo que se vê. Em um meio de enaltecimento da estética corporal, com a crescente busca da perfeição por cirurgias plásticas, o termo belo acaba se distanciando da educação e da subjetividade permitidas pela arte.

Superar as aparências e tratar a realidade para além de sua “reprodução” são algumas das prerrogativas do artista contemporâneo que deseja criar um mundo, desvelando sua subjetividade, rompendo com todas as representações “clássicas” da ideia de belo. Superando a busca modernista da originalidade, reapropriando-se de si pelo conhecimento histórico, enlaçando a objetividade e a subjetividade, o homo aestheticus contemporâneo instaura seu modo particular de ser/estar no mundo. Afinal, não há mundo objetivo, apenas interpretações… (MARTINS; 2011, p. 313).

O estudo da arte proporcionará àquele que tem o contato além da simples reprodução em papel, tela ou cópias de imagens a interpretação do que o artista provoca em na obra. O aluno estará apto a entender que a arte vai além da sala de aula, pois está no desvendar das inconstâncias presentes no mundo, uma vez que é subjetiva. O ensino efetivo de arte deverá superar aquele conhecimento exclusivo de, somente, datas e escolas de artes, que apenas identifica a quais movimentos determinada obra pertence. Isso é importante; porém, não se pode ficar apenas fixo na teoria.

Loponte (2005) traz a contribuição de como a disciplina de arte nas escolas recebe livros distribuídos pelas editoras com textos para colorir, coelhinhos da Páscoa e xerox de imagens de obras como Girassóis, de Van Gogh, atribuindo o ensino a, apenas, colorir e reproduzir obra de arte. Assim, deixa-se de contemplar a reflexão necessária sobre o verdadeiro objetivo do ensino de arte nas escolas.

Barbosa (2003) discorre sobre sete relevantes mudanças que ocorreram no ensino de arte, as quais os professores deveriam aplicar em sala de aula:

  1. Anteriormente, o compromisso era com a história e a cultura. Não se preocupava com a livre-expressão e a livre-interpretação das obras de arte.
  2. Maior interpretação de apreciação e contextualização histórica, social, antropológica e/ou estética da obra. Construir o conhecimento pela interação e pela experiência na arte. “Só um saber consciente e informado torna possível a aprendizagem em Arte” (BARBOSA, 2003, p. 17).
  3. Desenvolver uma sensibilidade nos alunos de maneira completa, aprimorando os sentidos além da linguagem discursiva e científica. Por isso a importância da ênfase nas artes visuais, para evocar sentimentos.  
  4. Potencializar a criatividade e a flexibilidade na elaboração de processos criadores.
  5. Ensinar a leitura da arte visual, e não apenas a saber o que o autor quis dizer em uma obra. É necessário levar o aluno a buscar o contexto e a opinião de outros autores sobre o próprio significado da obra (BARBOSA, 2003).
  6. Trabalhar a diversidade e o pluralismos presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Seria a arte-educação baseada na comunidade.
  7. Abordar o conhecimento crítico para trabalho e profissões, visto que atualmente temos grandes apelos visuais nas mídias comerciais, cinematográficas e sociais.

O professor possui o papel de facilitador no ensino-aprendizagem.

É importante que se possa refletir sobre novas metodologias nos cursos de formação inicial e contínua de professores de Arte, discutindo se atendem às premissas e sugerindo outras. Os professores, em sua formação, necessitam de conhecimentos consistentes para transpor suas vivências para a sala de aula” (FERRAZ; FUSARI, 2009 p. 140).

A arte tem papel fundamental para a educação. Barbosa (2003; 2018) adverte que os professores precisam ter mais conhecimento sobre a Arte-educação, pouco divulgada e estudada no Brasil talvez por falta de motivação por parte dos docentes da área.

A formação do professor é um tema que tem estado presente nas atividades acadêmicas. A partir da consciência da complexidade e da magnitude das questões que envolvem a educação, acredita-se na formação inicial e contínua do professor, que possui fracos estudos em outras línguas, o que prejudica a expansão do conhecimento, um dos passos fundamentais para a melhoria da qualidade do processo educativo oferecido nas escolas.

Sendo assim, fica evidente que a expansão de conhecimento não pode se desvincular de outros fatos indispensáveis a uma política educacional comprometida com uma escola de qualidade para todos.

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A Relação entre a Arte e a Ética

“A arte sempre foi considerada como uma forma de expressão que os seres humanos têm para comunicar sentimentos, ideias ou histórias. Para muitos, a arte não tem limites. Existem, no entanto, certas normas ou regras a serem seguidas com a criação de uma obra de arte que tenha a ver com ética. Ética é o que nos diz o que devemos e não devemos fazer. Determina nosso comportamento na sociedade e nosso comportamento como seres humanos. A ética é refletida em nossos direitos e responsabilidades. E também nas penalidades por mau comportamento.

Todos os artistas têm o direito de se expressar, de acordo com suas habilidades. Alguns fazem isso com pintura; outros, com escultura. E também há aqueles que cantam e dançam. E chama muito a atenção que, no momento, muito se discute sobre ética na arte. O que é permitido? Quais atos artísticos são considerados antiéticos? E isso não é visto apenas na arte, mas também nas ciências e em toda a atividade humana em geral. Somos livres para exercer nossos direitos, mas a liberdade termina quando a liberdade dos outros começa. Portanto, essa liberdade absoluta não existe. E isso se inclui nas manifestações artísticas e nas intenções do artista.

E também há dúvidas que ainda precisam ser resolvidas. O que é uma obra de arte? Como a arte pode estar relacionada à ética?”.

Fonte: Recalde (2016, on-line, tradução nossa).

A Superação da Reprodução do Conhecimento por meio do Ensino da Arte

Não existe a possibilidade de você ter lido este conteúdo até aqui e se sentir da mesma maneira de quando iniciou a sua jornada na leitura, a não ser que não tenha havido uma entrega total e sim superficial, extremamente rasa. Neste tópico, será abordado sobre como expandir o conhecimento por meio do ensino de arte.

Barbosa, Coutinho e Sales (2005) apresentam a interdisciplinaridade presente na escola quando é abordado o ensino de arte. Quando o professor entende que ensinar arte aumenta os processos cognitivos do aluno, ele parte para a educação extraclasse, como visita a museus, e auxilia o estudante no conhecimento de outras realidades, a fim de que este expanda seu repertório e passe a visualizar o mundo com mais autonomia.

Mas e se não há possibilidade de visitação em museus ou de exposições presenciais? A tecnologia está ao alcance de quase todos. O acesso à internet permite que distâncias sejam diminuídas e que visitações on-line sejam realizadas.

Ainda no século passado, Moran (1997) já dizia que o uso da internet na educação apresentava resultados significativos no processo de ensino-aprendizagem, pois professores e alunos passavam a utilizar uma comunicação aberta, isto é, passaram a ter uma participação interpessoal efetiva dentro das instituições de ensino. Entretanto, conforme salienta o autor, a internet sozinha não transforma o processo de ensinar e aprender. O que a torna uma ferramenta atrativa é a facilidade de acesso a um grande número de informações necessárias para se elevar o nível de conhecimento.

Assim sendo, expõe-se que:

A sociedade contemporânea está mergulhada em um caudaloso fluxo comunicacional e, mediante esse fato, há quem afirme que estamos vivendo a Era do Conhecimento. Entretanto, o conhecimento exige reflexão (tempo e maturação) e seleção (critério, crítica), duas práticas um pouco démodés para nossos dias. Havendo necessidade de um rótulo, chamemos de Era da Informação este cenário pós-moderno (FREIRE, 2010, p. 20).

A partir de tal perspectiva, torna-se essencial aos estudantes dessa era do conhecimento refletir e selecionar toda a gama de informação advinda da tecnologia. Diante disso, porém, questiona-se: os alunos estão realmente dispostos a pensarem dessa forma, uma vez que, mesmo com um professor presente em sala de aula, poucos são os que demonstram interesse em buscar o conhecimento?

Diante das contribuições significativas que os recursos disponíveis na internet disponibilizam aos seus usuários, o professor deverá aperfeiçoar os métodos utilizados no desenvolvimento do ensino, com o auxílio dos recursos midiáticos, para a aplicação de metodologias diversificadas na apresentação dos conteúdos a serem trabalhados nas aulas de arte.

A internet é apenas uma das tecnologias que podem ser utilizadas nas aulas de arte. “O uso de tecnologia em arte não acontece somente em nossos dias. A arte, em todos os tempos, sempre se valeu das inovações tecnológicas para seus propósitos” (BARBOSA, 2003, p. 114). É importante lembrar que também podem ser utilizados máquinas fotográficas, aparelhos de filmagem e celulares. Algumas escolas apenas apresentam o computador para os alunos trabalharem com designs gráficos; porém, há a necessidade de se trabalhar com movimentos de imagens e sons. A ausência do trabalho com sons e imagens por meio dos computadores pode vir a prejudicar o aprendizado efetivo proporcionado pela arte.

Outra maneira de se trabalhar a arte, de acordo com Paiva (2017), é a partir da admiração das obras, como o quadro Os Retirantes, do pintor Candido Portinari, obra com a qual se pode abordar temas externos, como migrações, fome e pobreza nas regiões brasileiras. Assim sendo, trabalhar a arte vai muito além de saber qual o movimento que caracteriza a obra e quais as cores utilizadas.

O professor poderá buscar mais leituras e livros que estão apropriados à questão da arte. Dessa maneira, a disciplina serve para refletir o mundo e, no espaço escolar, oferecer mais inserção social por meio de manifestações culturais.

Conforme afirma Duarte Júnior (2008), conhecemos a convergência de arte-educação para criar sentido em nossas vidas. Arte-educação seria, então, a fusão de arte e educação. O homem pode pensar por si mesmo e ser o próprio objeto de seu pensamento, e é assim que a arte manifesta os sentidos. O mesmo autor também ressalta que a civilização moderna está embasada na personalidade de sentir e pensar, ou seja, entre a razão e as emoções. Para isso, o professor deve extrapolar as barreiras para alcançar o conhecimento. “Ao propor novas realidades possíveis, a arte permite que, além de se despertar para sentidos diferentes, se perceba ainda o quão distante se encontra a sociedade de um estado mais equilibrado, lúdico e estético” (DUARTE JUNIOR, 2008, p. 68).

Quando o professor apresentar reflexões de leituras, é essencial que sua didática seja apropriada, sempre buscando o aprendizado do aluno. Apresentar um pouco da história das tendências pedagógicas no ensino de arte poderá ser um auxílio para tomadas de decisões sobre a elaboração de um plano de ensino eficaz, a fim de que se entenda que só se supera algo quando o passado é conhecido.

Segundo Ferraz e Fusari (2009), na época do Brasil Colônia, os jesuítas utilizavam a escola para propósitos missionários. As escolas eram destinadas à elite e tinham o objetivo de, apenas, ensinar a ler e a escrever. A música e o teatro foram utilizados apenas para arrebanhar alunos, sem a finalidade artística.

Como comentado anteriormente, a vinda da Missão Artística Francesa fez com que chegassem técnicos e artistas de grandes nomes conhecedores da arte europeia. Ferraz e Fusari (2009) acrescentam que o decreto assinado em 12 de agosto de 1816 permitiu que a arte fosse instruída no Brasil e tivesse seu ensino acompanhado.

Por volta da década de 20, como a pedagogia tradicional estava mais focada no desenho e nas estéticas de pintura, mantinha-se o pensamento de que “[...] o que vale sempre é o produto a ser alcançado: é mais importante o resultado dos trabalhos que o desenvolvimento dos alunos em artes” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 45). Será que não é isso que ainda acontece nas escolas? Os professores não estão, na verdade, mais preocupados em passar o produto? Os alunos não estão, de fato, mais interessados na nota do trabalho?

Na década de 50 foi acrescentado o ensino de música, focado na história brasileira e no folclore do país. O estudo continua baseado na repetição e na centralização do professor. Na pedagogia nova, o ensino de arte era focado na “[...] expressão livre da criança e no reconhecimento de seu desenvolvimento natural” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 49).

A tendência pedagógica tecnicista trouxe a Lei nº 5.692/1971, que introduziu a Educação Artística nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Nesse contexto, o ensino tornou-se muito técnico, em decorrência da “[...] supervalorização da dimensão técnica da educação, sem bases reflexivas” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 51). A tendência realista-progressista trouxe o nome marcante de Paulo Freire, que na época abordou pensamentos filosóficos voltados para “[...] discutir as ações e as ideias que queremos modificar na educação em arte, como desafio e compromisso com a transformação da sociedade” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 54),

Uma vez que se tem conhecimento das tendências, não se pode refazer o que está na história. É necessário aprimorar, para se conseguir o melhor ao aluno.

Um dos grandes nomes do ensino de artes no Brasil foi o de Ana Mae Barbosa. Em uma de suas pesquisas, mais precisamente na obra Abordagem Triangular no ensino das artes e culturas visuais, nota-se a dificuldade de alguns cursos de licenciatura em arte de “[...] promover a prática docente de acordo com a apreensão dos conhecimentos, a partir do estudo da teoria, da contextualização e da produção” (BARBOSA, 2010, p. 151).

Deixo a você, caro(a) aluno(a), a reflexão de abordagem contextualizada da arte-educação, com a aplicação de tecnologias para um upgrade no ensino de arte.

Indicação de leitura

Livro: A abordagem triangular no ensino das artes e culturas visuais

Autor: Ana Mae Barbosa (Org.)

Ano: 2010

Editora: Cortez

ISBN: 978-85249-1664-9

Sinopse: O livro apresenta estudos elaborados por professoras renomadas. Ademais, aborda as experiências em escolas do Brasil com aplicações para cursos de graduação em licenciatura em arte, bem como cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu. Com uma linguagem de fácil entendimento, a obra narra resultados e abordagens de pesquisas, apresentando também como seria possível melhorar a atuação docente para o ensino de arte.

Para a educação, contextualizar a arte faz o indivíduo tornar-se cidadão. É preciso saber que arte não é apenas saber colorir. Deve-se saber internalizar a obra de arte e transmitir as percepções que se teve, isto é, deixar aflorar a imaginação.

O professor de arte deve ser um artista; mas não apenas aquele que produz a arte em galerias, e sim o profissional que aprecia e valoriza o fazer arte na educação.

Segundo Feitosa (2004), Platão já era apreciador da arte não apenas como imitação, mas como uma expressão daquilo que era necessário para que o homem se mantivesse ligado ao mundo das ideias (conceito do belo). Dessa maneira, quando a educação é essencial para a conscientização do ser humano, conforme os autores abordados nesta unidade, o ensino de arte é mais do que uma sala de aula; é humanização.

Assim, a reflexão não se faz sem a prática, e a prática não veio sem o primeiro pensamento sobre determinado assunto. O ciclo, então, é finalizado quando transformamos pensamentos em práticas, o que na arte se traduziria com a obra de arte.

Atividade

A arte tem papel fundamental para a educação. Barbosa (2003; 2018) adverte que os professores precisam ter mais conhecimento sobre a Arte-educação pouco divulgada e estudada no Brasil, talvez por falta de motivação por parte dos docentes da área. Indique, a seguir, a alternativa que apresenta uma solução para a motivação do professor.

Apenas a direção pedagógica tem a responsabilidade de motivação.

Alternativa incorreta. Há a necessidade de os governos manterem a integração dos professores de arte, com incentivos de desenvolvimento da disciplina.

A busca pela motivação é conjunta com cursos de aperfeiçoamento.

Alternativa correta. O fato de o professor passar os conhecimentos a partir da teoria e contextualizar a produção torna-se uma motivação conjunta. Deve-se “[...] promover a prática docente de acordo com a apreensão dos conhecimentos, a partir do estudo da teoria, da contextualização e da produção” (BARBOSA; CUNHA, 2010, p. 151).

É mais importante a nota final do que o aprendizado do aluno.

Alternativa incorreta. O aprendizado deve estar acima dos resultados. Focar apenas no resultado não faz o aprendizado. “O que vale sempre é o produto a ser alcançado: é mais importante o resultado dos trabalhos que o desenvolvimento dos alunos em artes” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 45).

Os professores possuem total conhecimento da área de arte.

Alternativa incorreta. Apenas saber não é importante. Há a necessidade de se ter uma formação continuada. “É importante que se possa refletir sobre novas metodologias nos cursos de formação inicial e contínua de professores de Arte, discutindo se atendem para as premissas e sugerindo outras. Os professores, em sua formação, necessitam de conhecimentos consistentes para transpor suas vivências para a sala de aula” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 140).

O ensino de arte agrega somente ao meio artístico.

Alternativa incorreta. O ensino de arte no meio educacional pode, em razão de sua proposta, trazer um olhar crítico para mudanças positivas e significativas para a formação de estudantes mais seguros, confiantes e competentes.

Atividade

Considere o seguinte trecho: “O uso de tecnologia em Arte não acontece somente em nossos dias. A arte, em todos os tempos, sempre se valeu das inovações tecnológicas para seus propósitos” (BARBOSA, 2003, p. 114). Sobre esse contexto, indique, a seguir, a alternativa correta.

Pensamos que somente os computadores integram tecnologia; porém, tudo que foi criado para melhorias é uma tecnologia.

Alternativa correta. A tecnologia está ao alcance de quase todos. O acesso à internet permite que distâncias sejam diminuídas e visitações on-line sejam realizadas. Tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam à resolução de problemas, ou seja, é uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas de pesquisa (SIGNIFICADO…, on-line).

A tecnologia não é influenciadora de conhecimento, pois dispersa o aluno em sala de aula.

Alternativa incorreta. Moran (1997) já dizia que o uso da internet na educação apresentou resultados significativos no processo de ensino-aprendizagem, pois professores e alunos passaram a utilizar uma comunicação aberta, isto é, passaram a ter uma participação interpessoal efetiva dentro das instituições de ensino.

Na escola tecnicista houve valorização de ideias reflexivas.

Alternativa incorreta. Na escola tecnicista não havia dimensão na reflexão educacional, mas sim “[...] a supervalorização da dimensão técnica da educação, sem bases reflexivas” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 51).

A tecnologia substitui a função do professor.

Alternativa incorreta. A função do professor não é outra senão a de fazer bem o seu papel, refletindo sobre sua ação docente, interagindo, incentivando e estimulando o aprendiz, a fim de que este seja motivado a aprender e consiga, assim, atingir o objetivo final: a construção do próprio conhecimento.

A internet poderá, sozinha, instruir o aluno em sala de aula.

Alternativa incorreta. A internet é apenas um meio de conhecimento; assim sendo, ela não instrui sozinha. Moran (1997) já dizia que o uso da internet na educação apresentou resultados significativos no processo de ensino-aprendizagem, pois professores e alunos passaram a utilizar uma comunicação aberta, isto é, passaram a ter uma participação interpessoal efetiva dentro das instituições de ensino.

Atividade

De acordo com Barbosa, Coutinho e Sales (2005), quando o professor entende que ensinar arte aumenta os processos cognitivos do aluno, ele parte para a educação extraclasse; isto é, executa atividades como visitas a museus. Tais atividades remetem o estudante a outras realidades, a fim de que ele saia do enquadramento no qual estava e passe a visualizar o mundo com mais autonomia. Sabendo desse contexto e partindo das reflexões apresentadas, indique, a seguir, a alternativa correta.

A arte deve ser estudada a partir de reproduções artísticas.

Alternativa incorreta. Apenas estudos com reproduções não dão suporte para uma reflexão da vida. “Superar as aparências e tratar a realidade para além de sua ‘reprodução’ são algumas das prerrogativas do artista contemporâneo que deseja criar um mundo, desvelando sua subjetividade, rompendo com todas as representações ‘clássicas’ da ideia de belo” (MARTINS, 2011, p. 312).

O ensino de arte deverá abranger somente a teoria e o conhecimento histórico.

Alternativa incorreta. O ensino da arte não está apenas na teoria e no conhecimento histórico, mas também agrega à formação do indivíduo. O saber nessa área ocorre para um norteamento; porém, não apenas para os estudos. “Superando a busca modernista da originalidade, reapropriando-se de si pelo conhecimento histórico, enlaçando a objetividade e a subjetividade, o homo aestheticus contemporâneo instaura seu modo particular de ser/estar no mundo (MARTINS, 2011, p. 313).

Uma das características da arte é apresentar sentimentos de valorização de uma nação.

Alternativa correta. Quando se estuda arte, tem-se uma noção do quanto é importante uma identidade para compor aquela obra. Assim, valoriza-se a nação pelo estudo da arte que a permeia. “Um aspecto forte do gesto determinado de submeter o urinol era 'deseuropeizar' a arte americana - fazer com que os americanos apreciassem suas próprias realizações artísticas” (DANTO, 2008, p. 12).

As obras de arte são objetivas. Quando o artista cria, reproduz o real.

Alternativa incorreta. Quando o artista faz a obra, ele está reproduzindo a sua interpretação, e não a realidade exata do momento. “A obra de arte é subjetiva. Afinal, não há mundo objetivo, apenas interpretações…” (MARTINS, 2011, p. 313).

O ensino de arte deve somente ser apresentado por meio de vivência escolares.

Alternativa incorreta. O ensino de arte não ocorre apenas pela vivência escolar, mas também por um conjunto de conhecimentos em vivências sociais. É necessário construir o conhecimento pela interação e pela experiência na arte. “Só um saber consciente e informado torna possível a aprendizagem em arte” (BARBOSA, 2003, p. 17).

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